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Há alguns anos atrás, nossa sociedade tinha a visão de que uma pessoa de imagem corpulenta e robusta seria aquela com maiores chances de sucesso na vida.
Isso porque aparentar que possuía uma boa alimentação dentro de casa era considerado um símbolo de status muito grande entre as famílias aristocráticas.
Hoje o cenário é diferente, o culto ao corpo magro tornou-se regra.
Como se a medida que os anos passassem, a alimentação farta foi se tornando cada vez mais comum, e, portanto, menos valiosa e interessante aos olhos dos demais.
A partir do momento em que o corpo magro e atlético passou a ser uma normativa, o pensamento coletivo em torno de outras imagens de corpos foi mudando a ponto de marginalizá-los.
O corpo gordo tornou-se uma espécie de chacota.
Da mesma forma, encontramos na cultura Pop o corpo gordo sendo representado como uma forma de alívio cômico ao enredo principal.
A personagem gorda também dificilmente terá seu papel como o principal, sendo um demonstrativo da marginalização citada acima.
De forma que entendemos que uma pessoa gorda jamais poderia protagonizar uma história de amor ou de heroísmo, sendo deixada exclusivamente para a parte cômica da história.
Partindo para uma visão dentro da nossa realidade, vemos também que as cidades foram construídas em cima de uma exclusão do corpo gordo.
Os bancos e as catracas dos transportes públicos, por exemplo, foram projetados de forma que qualquer corpo magro possa usufruí-los de forma muito simples e fácil.
Enquanto uma pessoa gorda precisa se planejar para como rodar a catraca da forma menos humilhante possível.
A exclusão no mundo digital
Com o crescimento das redes sociais no mundo, principalmente as voltadas exclusivamente para vídeos e fotos, obtivemos acesso a uma parte quase inexplorada do culto ao corpo magro, antes restritos à televisão e revistas.
Pessoas de todas as partes compartilham imagens de si mesmas, buscando mostrar a sua melhor versão, com suas melhores roupas, o melhor cabelo, a maquiagem perfeita e uma pose que favoreça seu corpo a parecer o mais atlético possível.
Podemos notar, inclusive, a infinidades de aplicativos para celular voltados a edição de imagens.
As edições não se limitam a correção de cores e luzes, mas oferecem opções para que a pessoa modifique totalmente a sua imagem.
Removendo poros e olheiras do rosto, afinando sua cintura, braços e pernas, ou aumentando seios e glúteos.
Essa facilidade de transformar-se vem causando distúrbios de imagens em muitas pessoas, já que as fotos postadas muitas vezes são editadas e não condizem com a realidade do próprio autor.
Imagine então com a dos espectadores.
Uma nova comparação está sendo feita entre as pessoas.
Antes, essa comparação se restringia às capas de revista, com modelos internacionais ilustrando um corpo perfeito.
Hoje vemos pessoas comuns do nosso dia a dia aparentando uma perfeição que antes soava inatingível, mas que agora parece muito simples de se conseguir.
Com esta crescente, as pessoas que não seguem este novo padrão de beleza são excluídas das redes sociais, como um acréscimo ao sofrimento já existente anteriormente por conta do corpo gordo.
A revolução das redes para a imagem corporal
No entanto, podemos notar também um movimento de aceitação nas redes sociais.
Pessoas de todos os tipos se unem para promover a diversidade e a beleza plural da nossa sociedade.
Influenciadores digitais de todos os tipos utilizam suas redes para tornar a diversidade seu assunto principal.
Trazendo assim uma maior inclusão das pessoas gordas ao meio digital, em prol de ressaltar suas belezas.
Hoje é possível notar uma consciência muito maior por parte das pessoas que se encontram dentro de um determinado padrão de beleza.
Movimentos são criados de forma a diminuir a exclusão dos outros corpos e trazer maior visibilidade a eles.
Os profissionais da psicologia têm como obrigação ética aceitar e tratar todos os tipos de pessoas como iguais.
Por isso, se o sofrimento de não se encaixar em um molde pronto de beleza está demais, conte com a psicoterapia para te ajudar.
A autoestima é um fator de extrema importância para manter o equilíbrio emocional e sua visão de imagem.
Nem sempre conseguimos mantê-la em alta por nossa conta, por isso procure um psicoterapeuta se achar que o fardo está pesado demais para carregar.
Cristı̊na Almeida
CRP: 06/49407