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O relacionamento abusivo afeta a visão que a mulher tem de si mesma, causando baixa autoestima e sentimento de inferioridade, que a levam a manter o ciclo de violência.
Saiba o que fazer para sair do ciclo de relacionamentos abusivos.
Como começa?
O ser humano é um animal sociável, que necessita de relações para viver em equilíbrio. Alguns relacionamentos podem ser saudáveis, outros relacionamentos abusivos.
Parentescos, amizades e romances fazem parte de nossas vidas, e são estas relações um dos grandes pilares do desenvolvimento da nossa personalidade.
Conforme crescemos, vamos adquirindo características similares a de quem nos rodeia.
Não é à toa que, conforme envelhecemos, vamos nos tornando nossos pais, por exemplo.
Uma criança em formação funciona como uma esponja que consegue absorver muitos trejeitos, vocabulários, manias e emoções.
E assim crescemos e nos desenvolvemos com esta mistura de fragmentos de relacionamentos cultivados, formando quem realmente somos.
Por isso, é de extrema importância cultivar relacionamentos saudáveis durante nossa vida, mas isso nem sempre acontece.
Alguns fatores que contribuem para o cultivo de um relacionamento abusivo, que podem ser genéticos, cognitivos ou emocionais.
Eles funcionam como uma espécie de ímã e atraem um determinado tipo de pessoa para a nossa convivência e podem se transformar em relacionamentos abusivos.
Como quando aquela amiga menciona que tem o “dedo podre” para relacionamentos amorosos, existe algo dentro dela que procura inconscientemente por aquele tipo, mas é difícil para ela explicar a razão.
Como a psicologia descreve o relacionamento abusivo?
A psicanálise acredita que uma das razões para que uma mulher se envolva em relações amorosas tóxicas, são as experiências conturbadas vivenciadas com a figura paterna durante a infância e adolescência.
Isso se deve a ausência desta figura, ou até mesmo a violência emocional ou física por parte desta figura dentro da relação.
Estes fatores influenciam na visão que a mulher tem de si mesma, causando uma baixa autoestima e sentimento de inferioridade, os quais a levam a manter o ciclo de violência e abuso em seus próximos relacionamentos.
Enquanto mantém este ciclo, a mulher pode se ver presa, em algum momento da vida, a um relacionamento tóxico e abusivo, o qual pode crescer e se desenvolver de uma forma que se transforme em uma prisão.
Relacionamentos abusivos tem como principais características:
- Ameaças;
- Afastamento de familiares e amigos;
- Ciúme excessivo;
- Controle;
- Chantagem emocional;
- Destruição da autoestima;
- Pouco diálogo; e
- Violência física e/ou verbal;
A pessoa que está sendo abusiva tem como objetivo controlar a vida do parceiro de todas as formas, e é movida pela sensação de poder, não de afeto.
Como sair de um relacionamento tóxico?
Uma pessoa que viveu a maior parte da sua vida sendo controlada em um relacionamento abusivo, primeiro por sua figura parental e depois por seu parceiro, pode não compreender a situação em que se encontra.
Pois ela já tem normalizado em sua mente tais atitudes tóxicas, ou seja, acredita que é daquele jeito que deve ser.
Por este motivo, uma rede de apoio é essencial para dar uma nova visão de relacionamento a esta pessoa, fazendo-a enxergar que tem sido uma vítima durante toda a sua vida e que não precisa se culpar pelo sofrimento que vem passando.
Esta rede pode ser constituída então pela própria família, amigos, colegas de trabalho, profissionais da área da saúde ou pela força da justiça do país.
Se bem construída e trabalhada, a rede de apoio pode conseguir remover a mulher da situação de abuso. Mas e depois?
Com tantas vivências dolorosas e uma nova visão de vida recém adquirida, pode ser muito difícil para a mulher passar por este período de adaptação.
E muitas podem desejar retornar a um ambiente abusivo por não se sentirem fortes e confiantes o suficiente para mudar.
Como não retornar a um relacionamento abusivo?
É nesta fase que a psicoterapia se mostra de extrema importância, pois, através da fala, a vítima consegue trabalhar aspectos de seu inconsciente a fim de curar suas feridas do passado, aumentando assim a sua autoestima.
Então, a autoestima se vê como o papel principal da recuperação de vítimas da violência.
Por isso, é preciso uma visão realista de si para que as escolhas da pessoa mudem e se inicie um trabalho de aprendizagem sob uma nova perspectiva.
Perspectiva do lugar em que esta vítima se encontra, se ela encontra felicidade ali, e até onde ela pode chegar.
O processo pode ser doloroso, mas nenhuma dor é páreo para a sensação de se amar e de viver a vida livremente, como se deve ser.
Cristı̊na Almeida
CRP: 06/49407